Pesquisar
Close this search box.

Verificando os pára-raios

Com o período de chuvas chegando, pode vir também alguns eventos naturais como os raios. Sendo as descargas atmosféricas um fenômeno da natureza imprevisível e aleatório, tanto em sua intensidade e duração quanto em seus efeitos destruidores. A descarga atmosférica também produz corrente elétrica de alta intensidade que se propaga pelo solo em um raio de até aproximadamente 5 km em torno do ponto onde o raio atingiu o solo, podendo comprometer as instalações elétricas vizinhas e colocar os seres vivos em risco caso estejam circulando nessa área.

Artificialmente há meios de se prevenir desses eventos. O Sistema de Proteção Contra Descargas Atmosféricas (SPDA) é um conjunto de dispositivos instalados, geralmente nos pontos mais altos das instalações e estruturas, direcionando a corrente elétrica criada pela descarga atmosférica para o solo. Esse sistema minimiza danos em equipamentos ou estruturas, assim como protege as pessoas e animais dentro das instalações.

O sistema é formado pelos:

–  captores que são os mastros ou hastes projetadas para receber o raio, por isso popularmente são chamados pára-raios;

– condutores de descidas que conduzem o raio dos captores até o aterramento;

– aterramento, que faz a dispersão da energia no solo a seu redor.

O SPDA, além de captar a descarga atmosférica, deve direcionar o fluxo da corrente associada diretamente para o solo, segundo percursos definidos, constituído pelos condutores do sistema de proteção.

Como os solos possuem diversas características, é importante efetuar o teste de resistividade do solo, que é a característica que vai determinar a sua resistência em baixas frequências ou a sua impedância em altas freqüências (surtos ou transientes de correntes elétricas).

Os fatores que mais influenciam na resistividade do solo são:

– Umidade – Na medida em que a umidade aumenta, a resistividade do solo diminui, portanto, a umidade é o elemento principal na condução da corrente elétrica no solo. Não se deve, contudo, presumir que um solo que detenha grande quantidade de água tenha baixa resistividade, pois se a concentração de sais dissolvidos na água for muito baixa, a resistividade aumentará;

– Salinidade – A resistividade do solo também depende da quantidade de sais dissolvidos na água (condução eletrolítica);

– Temperatura – Temperatura elevada provoca maior evaporação e, por conseguinte diminui a umidade do solo. Por outro lado, com a diminuição da temperatura, chegando a zero grau e até valores negativos de temperatura, a resistividade também tende a aumentar;

– Compactação – Se o terreno teve terraplanagem, as medições de resistividade do solo devem ser executadas após a compactação completa do solo, pois a não compactação do mesmo provocará uma menor área de contato entre os grãos que compõem o solo, gerando erros nas medidas de resistividade. Também deve ser observado se não foram enterrados objetos metálicos, os quais podem influenciar nas medições.

O SPDA tem duas funções distintas:

– Preventiva: Neutraliza a eletricidade das nuvens situadas acima das edificações, não se concretizando a formação dos raios;

– Corretiva: O SPDA deve ser colocado no ponto mais alto da edificação a ser protegida e oferecer uma impedância mais baixa à passagem da corrente elétrica do raio. Se a nuvem for de intensidade suficiente para criar uma descarga atmosférica irá preferir o caminho através do SPDA.

A decisão de utilizar um sistema de proteção contra descargas atmosféricas em uma estrutura pode ser uma exigência legal (Ex: códigos de obras municipais) ou do Corpo de Bombeiros para obtenção e renovação do AVCB, uma precaução do proprietário para evitar prejuízos ou ainda uma exigência das companhias de seguro, já que os raios são causas de danos físicos e incêndios.

Conforme NBR 5419, o SPDA deve passar por inspeções. Uma inspeção visual do SPDA deve ser efetuada anualmente. Já inspeções completas devem ser efetuadas periodicamente, em intervalos de:

  • a) 5 anos, para estruturas destinadas a fins residenciais, comerciais, administrativos, agrícolas ou industriais, excetuando-se áreas classificadas com risco de incêndio ou explosão;
  • b) 3 anos, para estruturas destinadas a grandes concentrações públicas (por exemplo: hospitais, escolas, teatros, cinemas, estádios de esporte, centros comerciais e pavilhões), indústrias contendo áreas com risco de explosão, conforme a NBR 9518, e depósitos de material inflamável;
  • c) 1 ano, para estruturas contendo munição ou explosivos, ou em locais expostos à corrosão atmosférica severa (regiões litorâneas, ambientes industriais com atmosfera agressiva etc.)

No site do Corpo de Bombeiros, o Comando de Engenharia de Prevenção de Incêndio (CEPI) do Estado do Ceará orienta seguir os prazos apontados nos laudos, sendo limitado a no máximo 5 anos.

O maior investimento sempre será a prevenção!

Esse artigo foi escrito por Isabella Cantal, arquiteta e urbanista, especialista em planejamento urbano pela UFRJ, formação em inspeção predial pelo Ibraeng/Sinduscon, diretora da Arqfor.

E mail – [email protected]

Site – www.arqfor.com.br

Telefones – 9 8761-4382 / 9 8614-1414

 

Compartilhar:

Facebook
Twitter
Pinterest
LinkedIn

Novidades:

Posts Relacionados