O anuário Estatístico de Acidentes de Origem Elétrica realizado pela Associação Brasileira para a Conscientização dos Perigos da Eletricidade (Abracopel) apontou o registro de 19 incêndios no Ceará no ano passado ocasionados por sobrecarga na rede elétrica. Este ano, só na última semana de outubro, por exemplo, foram registrados dois incêndios em apartamentos em Fortaleza. A situação é preocupante e chama atenção para a necessidade de se aumentar a divulgação de informações importantes sobre manutenção e os cuidados relacionados à rede elétrica, principalmente em imóveis residenciais.
De acordo com a Abracopel, mais de 50% dos incêndios ocorreram dentro de ambientes residenciais e são oriundos de várias partes da instalação elétrica. O presidente do Conselho de Arquitetura de Urbanismo do Ceará (CAU/CE), Lucas Rozzoline, explica que boa parte dos incêndios de origem elétrica têm como elemento inicial o superaquecimento dos condutores elétricos. “Ao danificar com a alta temperatura o revestimento isolante que geralmente é de plástico, os elementos laterais da instalação podem entrar em combustão, e iniciar um incêndio de origem elétrica”.
Ele explica, ainda, que materiais de baixa qualidade usados para essas instalações de baixa tensão também influenciam nesses incêndios. “É o barato que sai caro. Fique atento se uma pessoa que se diz profissional habilitado para tal não está cobrando muito pouco para o serviço. Com certeza ele usará produtos de baixa qualidade ou fora das normas e isso colocará em risco a sua vida e a de seus familiares”, ponderou.
A sobrecarga elétrica é uma preocupação constante para os condomínios, como reforça o diretor da Viper Condomínios, Alexandre Guilhon . “É imprescindível que o morador tenha o sistema elétrico do apartamento adequado e com a manutenção em dia. Um prédio construído há mais de 20 anos pode não ter o mesmo suporte elétrico para os equipamentos de hoje. Por isso é preciso fazer a manutenção, checar os fios e todas as instalações de baixa tensão para evitar sobrecargas e curtos-circuitos que possam causar incêndios”.
Instalações antigas
Lucas Rozzoline alerta sobre a urgência de as pessoas, principalmente as que moram em casas ou apartamentos com mais de 30 ou 40 anos, buscarem profissionais especializados para revisar a instalação elétrica do imóvel. “A instalação elétrica de imóveis antigos não consegue suprir as demandas de eletricidade que existem hoje com o uso de equipamentos mais modernos. Uma hora ou outra vai acontecer de a instalação não aguentar a sobrecarga. Para evitar que isso aconteça, indicamos que se contrate profissionais especializados para revisar e modernizar essa instalação. Os arquitetos, por exemplo, têm esse preparo para atuar na modernização das construções e realizar acompanhamento das instalações elétricas”, explica Rozzoline.
Ele diz, ainda, que a avaliação de uma instalação elétrica deve ser feita por um profissional capacitado e habilitado, no mínimo, uma vez a cada cinco anos. Já Alexandre Guilhon salienta ainda a importância que os condomínios têm em ficar cada vez mais atentos às exigências de autorizações e vistorias para evitar problemas que coloquem em risco a vida e o patrimônio dos moradores. “O síndico deve estar sempre atualizado sobre exigências legais e sempre ter a manutenção preventiva da edificação em dia, a fim de evitar ao máximo incêndios na rede elétrica”, finaliza.
Em 2012, a Prefeitura de Fortaleza sancionou uma lei obrigando os prédios a apresentarem, de forma periódica, certificados de vistoria para garantia de manutenção da estrutura do mesmo. Todos os prédios com três ou mais pavimentos devem ter o documento. Com orientações, cuidados e colaboração de todos, esses tipos de sinistros podem ser evitados.