Inicialmente, é importante compreender que latidos são comportamentos naturais dos cães, é assim que eles comunicam seus sentimentos e emoções, que se comunicam entre si, com os tutores e com o ambiente ao seu redor. Então, é um comportamento que sempre vai existir, o problema começa quando os latidos se tornam excessivos, quando extrapola o natural e o esperado, podendo incomodar os vizinhos gerando reclamações e muito estresse da parte de todos, inclusive do cão, que pode estar indicando que sua saúde mental não está em dia.
Latidos excessivos podem ser motivados por alguns fatores como: estresse, tédio, ansiedade, insegurança, medo, para chamar a atenção, hiperapego ao tutor, proteção de território, dentre outros. Atualmente, latidos em excesso são umas das questões mais relatadas por tutores que moram em apartamento quando estes vão buscar auxilio de adestradores. Mas já paramos para pensar porque isso vem acontecendo tanto?
Cães são animais que precisam do tutor para que possam ter bem estar, necessitam de rotina, atividades físicas diárias, passeios de qualidade, socialização, farejar e ter contato com a natureza. Mas, o que na realidade acontece são tutores com uma rotina muito intensa de trabalho, que muitas vezes não inclui o cão, que ficam a maior parte do tempo confinados dentro de um ambiente completamente pobre de atividades e estímulos, muitas vezes até sem atividade física frequente. Essa rotina tediosa diariamente gera acúmulo de energia, frustração e ansiedade, sendo o latido uma válvula de escape para amenizar esses sentimentos do cão. Muitas pessoas tendem a punir o cão quando ele late, antes mesmo de entender a causa, o que pode acabar gerando mais ansiedade e estresse ainda, fazendo com que o animal se lamba em excesso, destrua móveis e paredes, em uma tentativas de aliviar a ansiedade.
Outros fatores contribuem para os latidos em excesso como a predisposição de algumas raças para a vocalização, nível de energia do cão, temperamento do animal, se é mais ansioso ou medroso e também a forma como o tutor interage com o pet. Muitos tutores acabam reforçando comportamento de latidos, a partir do momento que oferecem carinho e atenção quando o cão esta latindo ou agitado, o fazendo entender que dessa forma consegue interação.
Para os cães que latem demais quando estão sozinhos, é importante fazer alguns treinos e mudanças com o pet para aumentar a independência dele. Comece criando momentos em que você esteja em casa, mas não no mesmo cômodo que o cão, enquanto o cão está com uma atividade prazerosa como brinquedos recheados com patê que o animal goste, para criar a idéia de que sem o tutor pode ser prazeroso também.
É super importante identificar a causa dos latidos para poder tratá-los. Uma ótima forma de começar é proporcionar uma rotina de qualidade, com passeios em que o cão possa farejar bastante, ir a praças, parques, praias, onde o cão possa ser bicho, cavar, correr, interagir com outros animais de forma positiva, se sujar e brincar. Proporcionar atividades para o cão em casa como esconder petiscos no ambiente para ele achar, brincadeiras interativas como esconde-esconde ou esconder um brinquedo para o cão achar, brinquedos em que seja possivel esconder comida ou petiscos, brinquedos recheáveis, itens de roer e mordedores naturais. Observar se o animal irá reagir de forma positiva a essa mudança de rotina.
Enriquecer o ambiente, a relação tutor animal e a rotina do pet vai trazer saúde mental para ele. E claro, sem esquecer do descanso, que é essencial e também faz parte da rotina.
Caso tenha dificuldades em melhorar o comportamento do seu cão, não hesite em pedir ajuda a algum Veterinário Comportamentalista ou Adestrador Positivo.
Virna Livia
Veterinária e Adestradora de cães
CRMV 3748
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